No dia 06 de Julho, com insistência da minha mãe, dei entrada na emergência de uma clínica perto da minha casa, e após fazer um exame de sangue e vários médicos me perguntarem se tive alguma hemorragia naquele período, se estava com algum problema alimentar, um deles me deu a notícia que tem mudado minha vida desde então: eu estava com uma grave anemia e precisava de uma transfusão de sangue urgente. Primeiro fiquei em choque. Era impossível eu ter uma anemia tão grave com a vida que levava. Eu tinha uma alimentação impecável, ia para academia todos os dias, tinha uma vida extremamente saudável, e aí como um flash veio a palavra leucemia na minha cabeça. Então chorei, não conseguia falar de tanto que chorava, porque senti que era aquilo, algo me dizia que ia acontecer e aconteceu. Mas foi a única vez que chorei daquele jeito já que depois daquele dia eu só receberia notícias boas.
No dia seguinte, fui ao hematologista de uma paciente que estava recebendo uma transfusão ao meu lado na enfermaria, que pediu diversos exames e após algum tempo testando vitaminas que pudessem ser a solução para a anemia, ele me deu o diagnóstico inicial, a leucemia. Me emocionei um pouco, mas eu já sabia então, qual era o próximo passo? Saber qual tipo. E fiz mais alguns exames que deram como diagnóstico a leucemia linfóide aguda e a primeira boa notícia: tem cura. Além dessa, esse tipo de leucemia é a de todas a menos pior, que seu diagnóstico é dado no início já que os sintomas aparecem logo que a doença surge no organismo, e outras que venho recebendo até hoje.
Um mês depois de dar entrada naquela emergência, fui internada para começar o tratamento de quimioterapia e uma nova etapa da minha vida.
Algumas pessoas questionaram o motivo disso acontecer comigo, acharam injusto. Como escrevi no início, minha vida era saudável então, a doença surgiu porque ela tinha que surgir. Independente do que eu fizesse, ela iria aparecer. E ela também não apareceu porque eu merecia ou não. Ninguém faz algo ruim e tem uma doença como castigo, isso só acontece em novelas, onde o vilão se dá mal. Aliás, falando em mídia, esqueçam tudo sobre qualquer doença ou problemas físicos que vocês viram na TV: é tudo mentira. Desculpa, nem tudo, mas a cena da Carolina Dieckmann por exemplo, que emocionou tanta gente, nem todos os pacientes que fazem quimioterapia a enfrentam daquela forma. Muitos, como eu, só querem ficar curados e pouco importa se o cabelo vai cair, se vamos ter alguns sintomas ruins por algumas semanas ou se vamos precisar mudar completamente nossas vidas por alguns meses, porque o que importa é que tudo passa, que as dores vão passar assim que começarmos o tratamento e que em alguns anos se tudo der certo, vamos poder dizer que estamos curados.
Sentia dores muito fortes quando fui internada e assim que comecei a quimioterapia, elas passaram e foi aí que aprendi minha primeira lição da leucemia: tudo passa e que nada é insuportável.
Depois de um mês internada, voltei pra casa e estou esperando para a segunda internação, para o segundo ciclo da quimioterapia, e posso dizer que estou ótima, feliz por tudo. E todos os dias eu agradeço por a minha doença ter cura, por poder fazer o tratamento, por ter condições de ter todas as distrações que tenho, por ter pais maravilhosos, amigos e família que me ajudam muito com todo apoio que recebo, por ter forças que não sabia que tinha, por descobrir que gostam tanto de mim, por ter a oportunidade de aprender muitas coisas novas com esse desafio.
Muito obrigada gente, por tudo! E não preocupem pois estou ansiosa e feliz só de me imaginar ao lado de vocês novamente, comemorando, trabalhando, malhando, dançando, fazendo tudo que fazíamos antes, felizes!!
Beijos e até o próximo post que prometo ser mais divertido! :)
Mas quem disse que eu não iria ao Rock in Rio esse ano?????? Pois fui com minha amiga linda Carol e vi o maravilhoso Stevie Wonder, isn't he lovely?! Foi emocionante!! :) Amiga te amo!